Dados demográficos

O concelho de Mira é um dos dezanove concelhos da Comunidade Intermunicipal de Coimbra, sendo apenas limitado a norte pelo concelho de Vagos (que pertence à Região de Aveiro), a este e sul pelo concelho de Cantanhede e a oeste pelo oceano Atlântico. 

No contexto da região de Coimbra ocupa a 11.ª posição em termos do número de habitantes (12 114), correspondendo a cerca de 2,8% do total desta região. Em termos da Região Centro este quantitativo populacional representa apenas 0,5% e no território nacional a apenas 0,1% (Gráfico 1). 

Na última década (2011-2021) a evolução foi negativa, com um decréscimo de 2,8% da população residente (-351 habitantes), num contexto em que todos os concelhos da Região de Coimbra registaram decréscimos populacionais. Em termos relativos a Região de Coimbra perdeu 5% dos habitantes, enquanto que a nível nacional se observou um decréscimo de 1,9%.

 

A densidade populacional (95,8 hab/km2) assume valores inferiores quando comparado com a Região de Coimbra (100,5 hab/km2) e com o Continente (110 hab/km2). 

O fenómeno do envelhecimento populacional é mais pronunciado em Mira (266,7) quando comparado com a média nacional (184,6) e com a média da região Centro (228,6). Para cada 100 jovens existiam, em 2021, cerca de 266 idosos em Mira. 

Este cenário encontra paralelismo na observação do peso da população com menos de 14 anos, sendo que este concelho apresenta uma proporção de jovens inferior (11,5%) à Região Centro (11,8%) e ao Continente (12,8%). De igual forma, a proporção de população com 65 e mais anos (30,8%) assume-se superior à média nacional (23,7%) e da região Centro (27%).

Estes valores acabam por refletir um índice de dependência também superior para o concelho de Mira (73,4), uma vez que a relação entre a população jovem e idosa e a população em idade ativa é muito desfavorável, evidenciando-se um maior peso dos não ativos em relação aos ativos, situação que acaba por ser comum aos territórios com um maior peso da população idosa na sua estrutura. Ou seja, para cada 100 ativos existiam 73 não ativos. Trata-se de um valor superior ao registado tanto pela região Centro (63,6) como pelo Continente (57,5). 

A taxa de natalidade apresenta-se ligeiramente inferior em Mira (6,4‰) comparativamente à média nacional (7,7‰). Por último, a proporção de população estrangeira residente em Mira em 2011, apresentava pouca relevância (1,2%, correspondendo a 147 indivíduos).

As alterações demográficas e económicas devem ser entendidas no quadro mais vasto de relacionamento deste concelho com o território da Região de Coimbra e da Região Centro. 

Todas as freguesias do concelho apresentam baixas densidades populacionais, ainda assim, Carapelhos (149,8 hab/km2) e Mira (110,2 hab/km2) apresentam valores superiores à média nacional (110,6 hab/km2). As restantes freguesias, Praia de Mira (80,6 hab/km2) e Seixo (77,2 hab/km2), apresentam menores densidades populacionais (Quadro 2).

A análise da distribuição dos valores de população residente nas quatro freguesias que integram na atualidade o concelho de Mira permite distinguir grupos de freguesias que apresentam comportamentos demográficos semelhantes nos dez anos mais recentes (Quadro 3).

A freguesia de Mira assume-se no período em análise sempre como a mais populosa, distinguindo-se claramente das restantes. Com efeito, em 2021 esta freguesia representava 57,4% da população total, a que correspondiam 6958 habitantes. Seguia-se a freguesia de Praia de Mira, com 26,8% do total populacional (3245 residentes), a freguesia de Seixo (10,4%, correspondendo a 1253 residentes) e, por fim, a freguesia de Carapelhos (5,4%, correspondendo a 656 indivíduos). 

As quatro freguesias que constituem o concelho apresentam, na última década, dinâmicas demográficas distintas (Figuras 11). Entre 2011 e 2021, as freguesias de Praia de Mira e Seixo registaram acréscimos populacionais (3,2% e 1,5%, respetivamente). Por outro lado, as freguesias de Carapelhos e Mira tiveram decréscimos no mesmo período (-8,5% e -5,6%).

A consideração para o concelho de Mira dos valores de população residente desde os anos cinquenta do século XX permite uma leitura em termos evolutivos, ao mesmo tempo que possibilita igualmente algumas reflexões sobre as características do território. 

Uma primeira ideia decorre do facto do concelho apresentar períodos de acréscimo e decréscimo populacional ao longo das décadas. Assim, se entre 1950 e 1960 o concelho teve um acréscimo de 2,2% (285 residentes), na década seguinte perdeu 1,6%, para posteriormente registar um acréscimo populacional muito ligeiro de 0,9% entre 1970 e 1981. A partir desta década assiste-se a um contínuo decréscimo demográfico, sendo que até ao ano de 2011, o concelho perde 834 residentes (-6,3%) (Quadro 4 ). Para a década mais recente assiste-se a um decréscimo de 2,8% (-351 residentes). Em termos globais, desde 1950 até 2021, o concelho perdeu 985 habitantes (-7,5%), num processo que deve ser lido num contexto de mobilidade interna, para os centros urbanos mais próximos, e também de emigração.

As variações observadas na população do concelho e das freguesias que o integram relacionam-se de uma forma, que nos parece clara, com dois fatores primordiais: por um lado, o crescimento natural, cuja relação com o próprio planeamento de equipamentos educativos se torna elemento fundamental e, por outro, o saldo migratório, que no contexto da atual conjuntura se assume como um fator também decisivo, mas cuja análise se torna particularmente difícil dada a dificuldade em prever a sua evolução. 

A atual estrutura demográfica da população de Mira é o resultado evolutivo da melhoria das condições de vida e consequente diminuição da mortalidade e, em simultâneo, das significativas alterações no campo da natalidade.

Da análise dos valores da população por escalão etário é possível verificar a crescente diminuição das classes mais jovens, prosseguida pelo aumento das classes mais idosas, o que espelha de modo bastante claro a crescente tendência para o envelhecimento da população. 

Entre 1950 e 2021 a população de Mira diminuiu, sobretudo nos escalões etários dos jovens e da população adulta ativa. Entre os indivíduos dos 0 aos 14 anos verificou-se um decréscimo na ordem dos 66,3%. De igual modo, a população em idade ativa jovem, entre os 15 e os 24 anos, registou um decréscimo de 52,8%. Por outro lado, a população pertencente ao grupo etário dos 25 aos 64 anos, registou um acréscimo na ordem dos 7,3%. Quanto aos idosos, com mais de 65 anos, assistiu-se a um acréscimo populacional muito relevante nas últimas sete décadas, rondando os 261,3%. 

Procedendo-se a uma análise mais pormenorizada dos grupos etários nos últimos dez anos (2011- 2021), verifica-se que no concelho a jovem passou de 12,5% para 11,5% (de 1560 para 1398 crianças e jovens). De igual modo, a população jovem adulta e a população adulta sofreram também um decréscimo no mesmo período. No caso da população entre os 15 a 24 anos, assistiu-se a uma diminuição do peso deste grupo (de 9,9% para 8,8%). Relativamente à população dos 25 aos 64 anos, o decréscimo foi mais expressivo (de 52,4% para 48,9%). Por outro lado, o grupo etário dos 65 e mais anos viu o seu peso a aumentar na estrutura da população (de 25,2% para 30,8%) (Quadro 10 e Figuras 15 e 16). 

A análise dos resultados da estrutura etária para Mira sublinha, para o último período intercensitário, uma evolução demográfica no sentido do rápido envelhecimento da população, tendência que deve motivar uma séria reflexão, uma vez que, é mais expressiva que a registada para a região Centro e Continente. Este facto traduz-se num duplo envelhecimento que caracteriza a generalidade das sociedades dos países desenvolvidos, e deve merecer uma reflexão dada a rapidez em que se passou de uma sociedade com uma população jovem para uma outra envelhecida.